At Childhood’s End – Sophie Aldred
BBC Books
Versão física ou em ebook, mas só em inglês
Onde se situa: 30 anos depois da saída de Ace da Tardis. Do ponto de vista da 13th e da fam, entre It Takes You Away e Spyfall.
“Era uma vez uma garota chamada Ace, que viajava o universo com o Doutor – até que após uma terrível tragédia eles se separaram. Décadas depois, ela é conhecida como Dorothy McShane, a milionária filantropa e reclusa que comanda a organização global A Charitable Earth.
Dorothy é assombrada por terríveis pesadelos, que começaram quando vários jovens fugitivos desapareceram dos becos escuros de Londres. Podem os desaparecimentos ter relação com as aparições de criaturas sinistras nas sombras da cidade? E por que um satélite alienígena está em uma órbita secreta ao redor da Lua?
Investigando o satélite com Ryan, Graham e Yaz, a Doutora se reúne mais uma vez com Ace. Juntas, elas precisam descobrir o plano maligno que pode custar milhares de vidas. Mas pode a Doutora se desculpar pelo comportamento de sua encarnação anterior – e quanto Ace precisará sacrificar para garantir a vitória não só para ela, mas para a Terra?”
O que falar de um livro da Ace escrito pela própria Ace? Muita coisa!
O livro tem duas linhas do tempo: no presente, em 2020; e em 1990, com a última aventura de Ace com o 7th. E o que aconteceu nessa última aventura, somado aos eventos de Dragonfire, a primeira aventura de Ace, culminam nos acontecimentos de 2020.
Em Sarah Jane Adventures nós havíamos descoberto que uma certa Dorothy, que havia sido companheira do Doutor, agora era milionária e comandava uma ONG chamada A Charitable Earth (cujas iniciais formam ACE). Essa ONG também foi utilizada na gravação do material de divulgação do box de Blu Rays da 26ª temporada da série clássica. Você pode assistir ao trailer, que conta com a Sophie Aldred, abaixo:
Nesse livro nós descobrimos um pouco mais sobre a vida da Ace depois que ela saiu da Tardis. Hoje em dia ela é Dorothy McShane, uma mulher de seus cinquenta e poucos anos, que mora numa cobertura com vista para a Torre de Londres (e, por consequência, com vista para a UNIT – e Ace confirma que as operações da UNIT foram encerradas por corte de custos), cuida da sua ONG, tem um gato, continua com seu amor por carros e motos e seus experimentos de química e explosivos, agora com a ajuda de um mini alien com forma de polvo que tem o fofo apelido de Squidget e que consegue hackear qualquer sistema. Pra mim, Squidget é a melhor figura do livro e eu queria muito que a Doutora tivesse ficado com ele.
O livro começa com uma adolescente que fugiu de casa sendo sequestrada. Logo ficamos sabendo que ela não é a primeira e que vários sem-teto têm desaparecido misteriosamente. E junto com esses desaparecimentos Dorothy começa a ter pesadelos.
Não bastassem os desaparecimentos e os pesadelos, uma nave espacial aparece do nada na órbita da Lua. Entra em cena Will, ex namorado de Dorothy e chefe da Agência Espacial Britânica. Com a ajuda de Squidget, eles furtam um foguete e são os primeiros a chegar à nave alien. Uma vez dentro da nave ela tromba com três humanos e a Tardis.
” ‘Onde ele está?’
(…) ‘Onde está quem?’
‘Você é da tripulação daqui?’, a garota perguntou.
Impaciente, Dorothy deu um passo em direção à Tardis, gritando na porta. ‘Oi, Professor! Sai daí!’
O homem mais velho se postou em frente à porta, bloqueando o caminho. ‘Acredite em mim, querida, não tem nenhum Professor aí dentro…
‘Eles me conhecem como a Doutora’
(…)
‘Quem é você?’, ela perguntou.
‘Sou eu, Ace! Corpo diferente, mas a mesma mente brilhante e com cabelo muito melhor’.
Era esse o momento que nós queríamos! Ace e a Doutora se reencontrando. A partir daí começa o flashback dos motivos que a levaram a sair da Tardis. O 7th a levou para um planeta onde uma raça chamada Wraith foi temporalmente aprisionada após perder a guerra para os Astingir. Curiosa, Ace se debruça no poço que continha a prisão e entra em contato com os Wraith. Isso causa um alarme, uma nave Astingir chega ao local; na fuga Ace atinge os Astingir com N90, uma cratera se abre e vários deles morrem. Cansada, cheia de remorso e se sentindo usada pelo Doutor, Ace decide que é hora de voltar pra casa.
Enquanto isso, em 2020, Ratts (uma raça de paus mandado, tipo os Ogrons) estão marcando e sequestrando pessoas. Entre elas Chantelle, amiga de Dorothy, e Kim, um jornalista especializado em histórias de aliens e teorias da conspiração em geral.
Um dos pontos principais do livro é o relacionamento da fam com a Ace. Enquanto Ryan e Graham partem do princípio que “se a Doutora confia nela, nós também confiamos”, Yaz fica com ciúmes. E isso é um porre, porque ela simplesmente empata a coisa toda e o ritmo do livro despenca. Lembra quando em School Reunion a Rose conhece a Sarah Jane, fica com ciúmes mas logo depois elas viram super amigas? Isso não acontece aqui. Yaz desconfia de Dorothy por ela ser rica, por ela ter saído da Tardis e por ela ter como hobby mexer com explosivos – ela basicamente acusa Ace de ser terrorista (e eu não teria a paciência que a Ace tem com ela).
No presente, na Terra, nós temos uma divisão: Yaz e Ace; Ryan, Chantelle e Kim; Doctor, Graham e Squidget, sendo que esses voltam pra nave que continua na órbita da Lua tentando descobrir por quê ela está ali. É quando acontece uma tempestade temporal igual à que levou Ace para o Iceworld em Dragonfire, levando Kim e Chantelle. Os Ratts vão atrás de Dorothy e a levam, não sem antes uma explosão de N90 e ela pegando o famoso bastão de baseball.
A Doutora volta para resgatar Ryan e Yaz e tentar entender por quê eles não foram levados. Nessa hora, o passado encontra o novo Team Tardis: uma nave Astingir aparece e leva Graham e Ryan. Descobrimos, então, que a nave em órbita é Wraith, e que no fundo todo mundo quer a mesma coisa. Mas os Astingir consideram a Doutora uma inimiga, então todo mundo vira alvo.
Todos os abduzidos foram parar no lugar dos pesadelos de Dorothy e lá ela encontra Halogi-Kari, a mesma criatura que a sequestrou trinta e tantos anos antes. Agindo por debaixo dos panos, já que ele teoricamente está em prisão domiciliar depois de ter sido julgado pela Proclamação das Sombras (saudades deles) pelos eventos de Dragonfire. Halogi-Kari reconhece Ace e a usa para trazer de volta os Wraiths.
A parte final é tiro, porrada e bomba – literalmente, já que Ace entregou 4 cargas de N90 a Ryan e ele não é nem um pouco tímido em sair explodindo as coisas pra abrir caminho. E temos o momento Doctor Who, em que nem tudo é o que parece e que as pessoas podem mudar de opinião e evoluir.

É um livro bem legal, mas recomenda-se você assistir Dragonfire antes (se é que você ainda não viu). E é bom ver a nova relação da Ace com a Doutora e com os novos companions – que já começaram a perceber que eles sabem quase nada sobre a 13th e seu passado (vimos isso muito na s12 e esse livro se encaixa nesse plot de “por que estamos seguindo cegamente essa pessoa?”).
Se tem um livro que merecia ser traduzido para o português, seria esse – agradaria várias categorias de fãs, e traria mais gente para conhecer a série clássica.
Já leu? O que achou? Coloca aí nos comentários ou fala com a gente lá no twitter do Puxadinho (@PuxadinhoTardis).