“Quando River vai às compras trocar os pontos de um programa de fidelidade, ela acaba descobrindo segredos ligados a seu passado nebuloso.
O Doutor chega e o mistério aumenta. Ele está viajando o universo com uma outra companion – alguém que River não conhece.
Madame Kovarian anda ocupada, e dessa vez ela não vai aceitar falhas…”
Continuamos na nossa review dos áudios de River Song, dessa vez com ela encontrando o marido número 5.
Já aviso que não é meu set predileto; talvez por fazer remissão a A Good Man Goes To War e todo aquele plot da Madame Kovarian, que eu acho chato e confuso – e, infelizmente, se repete aqui.
Por mim, eles deviam deixar de lado qualquer tentativa de contar a origem da River, porque só acrescentam camadas de coisas que não batem: ela é filha da Tardis? O simples fato dela ter sido concebida no vórtex não deveria dar a ela a possibilidade de regenerar… ah, mas aí ela foi vítima de um experimento com DNA de TimeLord (Madame Kovarian em um momento Tecteum?) e tem vários clones assassinos. Nada conversa com coisa alguma e só aumentam a confusão.
Mas vamos à resenha…
3.1. The Lady In The Lake (Nev Foutain)
“Na Terminus Prime o cliente escolhe como quer morrer. Pode ser algo emocionante, significativo ou heroico. Mas quando River descobre que alguns clientes morrem mais de uma vez, ela sabe que há algo a mais acontecendo.
Ela começa a desvendar um culto com habilidades preocupantes. Aparentemente seus membros podem enganar a morte, e não é só isso que eles têm em comum com River…”
Esse áudio se passa depois dos acontecimentos de A Good Man Goes To War.
River vai parar em um lugar chamado Terminus Prime, que é uma empresa de suicídios assistidos: a pessoa quer morrer, ao invés dela se entupir de remédios, ela vai lá e escolhe como quer passar pro outro lado: tentando salvar uma princesa de um dragão, ou jogando xadrez com a Morte como em O Sétimo Selo – são várias opções e até pacotes personalizados.
Mas na Terminus Prime você ganha pontos em um desses programas de fidelidade, e alguém conseguiu acumular uma quantidade absurda – ou seja, tem alguém morrendo mais vezes do que deveria. É nessa hora que descobrimos que River está investigando O Culto Do Grande Lake, uma seita cujos membros têm a habilidade de regenerar.
Pelo que ela conta, os membros dessa seita eram parte do exército da Madame Kovarian que dispersaram quando Demons Run caiu – e que ela tem procurado por seus “irmãos” ao redor do universo. Ou seja, ela não era o único experimento de Kovarian.
Lake é um desses experimentos (todos eles têm nomes ligados à água). Mas quando ele morre e regenera, ele fica intrigado com o que acontece e simplesmente sai matando seus outros irmãos fugitivos de Demons Run, pra saber se eles também têm essa habilidade. É quase uma Tecteum estudando as regenerações da Timeless Child – Lake têm um áudio diário onde ele conta todas as mudanças que acontecem ao regenerar: homens que viram mulheres, brancos altos que viram negros baixinhos, gente velha que fica mais velha ainda, pessoas que passam a ter alergias… e o mais importante: ele quer saber quantas vezes os irmãos podem regenerar.
No mínimo, é uma história mórbida. Têm alguns momentos de humor com Kevin, a Morte, mas só de fazer menção a um dos episódios que eu menos gosto em Doctor Who já me baixa a vontade de ouvir/ler/assistir.
No fim, River está tão cansada e desesperada que ela manda uma mensagem pra Tardis para o Doutor vir buscá-la, qualquer que seja a versão dele. Quando o Quinto chega, ele está acompanhado. Mas não é nem Nyssa, Tegan, Adric ou Turlough, mas sim Brooke – uma das irmãs perdidas de River (eu sei, você sabe, a River desconfia, mas o Doutor não. E essa é a graça…)
3.2. A Requiem For The Doctor (Jac Rayner)
“River se junta ao Doutor e à sua amiga Brooke em suas viagens, e eles param na Viena do século XVIII. Brooke acha que história é chato, até que mortes começam a acontecer.
O legado de Mozart não é somente a sua música. River tem mais de um mistério a solucionar antes que um serial killer coloque em risco a população de Viena – e o Doutor”.
Dos 4 áudios esse é o meu predileto. River está muito com o pé atrás com Brooke, já que ela é uma companion que não consta nos arquivos de Miss Song. Mas como a única coisa que ela precisa é da atenção do marido, ela deixa esse sentimento de lado e aproveita a viagem.
Brooke também desconfia de River. Quando o áudio começa, dá a entender que eles viveram algumas aventuras desde que River pediu carona à Tardis. Eles vão a Viena tentar descobrir mais sobre a morte de Mozart, que aparentemente foi reescrita. Ao invés disso, eles acabam se deparando com a morte de um homem por sua esposa – e ele não é o primeiro a ser envenenado em circunstâncias estranhas.
A dinâmica River/Quinto é boa e rende alguns momentos engraçados. Eles são uma dupla bem entrosada, com um lendo o pensamento do outro, e com uma camaradagem que é bem o que a River precisava naquele momento.
O plot dos assassinatos de homens é interessante – o veneno só é vendido para mulheres abusadas pelo marido. A filha da vendedora morreu aos 18 anos, espancada pelo marido que, por ser nobre, nunca foi punido; esse é o modo dela se vingar pelo que fizeram à filha.
O ponto central da história, porém, é a relação entre Brooke e River e as desconfianças de ambas. Você percebe que a Brooke está, no mínimo, enciumada da relação entre River e o Doutor; River tenta descobrir porque ela nunca tinha ouvido falar de Brooke antes. E ambas têm razão para não confiar, como veremos na próxima história.
3.3. My Dinner With Andrew (John Dorney)
“Bem vindos, damas e cavalheiros, ao Bumptious Gastropod. A mais exclusiva e discreta experiência gastronômica fora do universo. Como o restaurante existe além do próprio espaço-tempo, as regras normais de causa e consequência não se aplicam ali. Qualquer coisa pode acontecer.
É lá que o Doutor tem um encontro. Com River. E com a morte.“
Wibbly Wobbly. Esse é o resumo desse áudio. É tanto vai e volta que você se perde. O ponto alto, porém, é Peter Davison fazendo dois personagens: o Doutor e Andrew, o pobre tio inglês que só queria cuidar do jardim e comer o macarrão à bolonhesa que estava na geladeira, mas acabou no Restaurante no Fim do Universo pelado e ameaçado.
O Doutor chega para jantar no Bumptious Gastropod. Lá também estão Brooke e Madame Kovarian. E River.
O plano de Kovarian é matá-lo ali. River descobre o plano e diz que isso não é possível, já que o Doutor morre no Lago Silêncio. Mas os arquivos dizem que é verdade – o Doutor morre no Bumptious Gastropod; ou seja, o ponto fixo no tempo é a morte do Doutor, quando/onde/qual deles é variável.
Começa a corrida de River para salvar a vida do Quinto. Ela já tinha conhecido Andrew, o inglês.
“- Você é a cara do meu quinto marido!
– É nessa hora que eu pergunto quantos maridos você teve e você responde quatro?
– Não. (…)
– Quantos maridos você teve, então?
– Ah, onze. Ou doze. Ou treze, depende de quem conta.”
Basicamente, River coopta Andrew para jantar com ela, leva ele para o restaurante e o faz usar as roupas do Doutor (na viagem anterior ela deu um pederneiras no Doutor e deixou ele apagado nos fundos do restaurante), e aí começa um vai-e-volta de viagem no tempo e beijos amnésicos para que o plano dela funcione – a coisa vira quase uma comédia de Mel Brooks a essa altura.
Mas nem todo o esforço de River é recompensado, e Brooke e Madame Kovarian conseguem o seu intento: Brooke mata o Doutor com uma arma que impede a regeneração, e Kovarian apaga River e a leva como prisioneira para sua nave.
3.4. The Furies (Matt Fitton)
“A Lenda das Fúrias é recorrente no cosmos: espíritos vingativos que caçam almas culpadas até a morte. Madame Kovarian ensinou essa lenda a uma criança criada com medo, treinada para matar e colocada dentro de um traje espacial.
Kovarian sabe que a maior ameça do Universo, o Doutor, precisa ser eliminado. Uma assassina foi criada para esse propósito.
Mas se Melody Pond falhou, Kovarian simplesmente vai ter que tentar de novo…”
Nem parece que foi a Kovarian quem criou a River… porque se ela tivesse prestado atenção na filha teria evitado tudo isso.
River está de volta à base de Kovarian e finalmente tem certeza do que ela desconfiava: Brooke é um clone seu. E ela não é a única – e todos seus clones a odeiam.
Nesse áudio sabemos mais sobre como River foi criada para ser uma assassina que odeia o Doutor e toda a lavagem cerebral de Kovarian. E River falando sobre como ela se libertou dessa lavagem cerebral, e como o amor pelo Doutor e pelos pais (sim, finalmente Amy e Rory são citados) a mudou é lindo.
Por todo o áudio temos a história das Fúrias perpassando. Segundo a mitologia grega, as Fúrias (ou Erínias) puniam os mortais. Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável) eram filhas de Hades e Perséfone e viviam nas profundezas do Tártaro, encarregadas de castigar os crimes, especialmente os delitos de sangue.
E aqui temos as próprias Fúrias – as trigêmeas Brooke, H1 e H2.
Brooke foi ferida ao matar o Doutor e regenerou em alguém bem conhecido. É assim que River descobre que a garota é um clone dela – Brooke, agora, é Mels (e a Big Finish trouxe Nina Toussaint-White, pra deixar isso bem claro). E o instinto assassino de Brooke foi liberado…
Mas matar o Doutor foi um erro, e as consequências dessa morte vão bater à porta de Madame Kovarian. River tenta colocar algum juízo tanto em Kovarian quanto nas trigêmeas – e consegue, mas só quando Brooke mata uma das irmãs.
Arrependida, Brooke tenta desfazer o paradoxo criado pela morte do Doutor, enquanto Kovarian e River têm uma DR familiar.
É um áudio pesado, um verdadeiro drama de família. Dá um pouco mais de luz no passado de River e em porquê Kovarian odeia o Doutor, mas ainda assim a coisa é meio rasa – e, de novo, como qualquer coisa ligada à s6, confusa.
Já disse mais de uma vez: eu não gosto da s6, acho que o Moffat tentou fazer uma coisa grandiosa e falhou miseravelmente. Tem muita ponta solta, muita coisa mal explicada ou sem explicação nenhuma – esse áudio The Furies, por exemplo, se estivesse na TV teria sido muito mais proveitoso e explicaria muito mais coisas. Moffs tinha material pra duas temporadas (só A Good Man Goes To War merecia ser, no mínimo, um 3-parter) e mal fez uma temporada inteira.
Dito isso: o Universo Expandido, quando toca em assuntos da s6, tenta consertar e trazer mais elementos. Mas como a base é fraca, fica complicado. Ainda assim, é um bom arco – apesar de querer mais interações River/Quinto, eu entendo que não era o escopo aqui.
No próximo box, River vai se encontrar com o Quarto. Mas isso é assunto pra outro post.